Conheça todos os estágios do Mieloma Múltiplo

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer das células plasmáticas, responsáveis pela produção de anticorpos. Ele afeta, principalmente, a medula óssea, interferindo na imunidade, causando danos ósseos, renais e desregulando os níveis de cálcio no sangue. Este artigo detalha os estágios da doença, explicando como ela evolui, os sintomas em cada fase, e os avanços mais recentes no tratamento, baseados em dados apresentados nos últimos congressos médicos da área.

Sistemas de Estadiamento do Mieloma Múltiplo

O entendimento da progressão do mieloma múltiplo é feito por dois sistemas principais: Durie-Salmon e ISS (International Staging System).

O sistema Durie-Salmon, criado na década de 1970, analisa fatores como a carga tumoral, níveis de cálcio e hemoglobina, presença de lesões ósseas e quantidade de paraproteína no sangue e na urina. Baseado nisso, a doença é classificada em três estágios, que variam desde uma apresentação inicial e assintomática até formas avançadas com complicações graves, como fraturas ósseas e insuficiência renal.

Mais recentemente, o Sistema Internacional de Estadiamento (ISS), revisado em 2015, passou a integrar biomarcadores modernos como beta-2-microglobulina, albumina, lactato desidrogenase (LDH) e anormalidades genéticas específicas.

Essa abordagem permite uma avaliação mais precisa e personalizada, definindo os estágios com base em fatores prognósticos robustos:

  1. Estágio I: doença menos agressiva, sem alterações genéticas de alto risco e com níveis normais de LDH;
  2. Estágio II: intermediário entre os critérios do Estágio I e III;
  3. Estágio III: alta agressividade, com anormalidades genéticas desfavoráveis e LDH elevado.

Sintomas e Evolução

Nos estágios iniciais, o mieloma múltiplo pode ser silencioso, detectado apenas em exames de rotina, como níveis elevados de proteína monoclonal. Com a progressão, surgem sintomas mais evidentes, como anemia, dor óssea e maior suscetibilidade a infecções. Em estágios avançados, complicações graves como insuficiência renal, hipercalcemia e fraturas patológicas tornam-se frequentes.

Embora o estágio III seja frequentemente associado a um prognóstico mais reservado, os avanços terapêuticos têm ampliado significativamente a sobrevida e a qualidade de vida, mesmo para esses pacientes.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico envolve uma combinação de exames laboratoriais e de imagem, incluindo biópsia de medula óssea, ressonância magnética e em alguns casos o PET-CT. Estes exames ajudam a determinar a extensão da doença e orientar o plano terapêutico.

Nos estágios iniciais e assintomáticos, o tratamento pode em alguns casos selecionados ser adiado em favor do monitoramento ativo. Já em casos sintomáticos, o tratamento geralmente inclui uma combinação de medicamentos imunomoduladores, inibidores de proteassoma, anticorpos monoclonais e corticoides, seguidos por transplante de células-tronco para pacientes elegíveis.

O tratamento de manutenção com lenalidomida tem se mostrado eficaz para prolongar remissões e melhorar a sobrevida em longo prazo.

Avanços no Tratamento do Mieloma Múltiplo

Os últimos anos têm sido marcados por avanços impressionantes no tratamento do mieloma múltiplo, com destaque para as inovações apresentadas em congressos como o 21º Congresso da International Myeloma Society (IMS), realizado no Rio de Janeiro em setembro de 2024. Este evento trouxe à tona discussões fundamentais sobre terapias personalizadas e novas abordagens para casos de alto risco e refratários.

  • Terapias baseadas em anticorpos biespecíficos: medicamentos como o teclistamabe têm demonstrado alta eficácia ao mobilizar células T contra células malignas, oferecendo uma opção valiosa para pacientes refratários;
  • Terapias celulares CAR-T: o uso de CAR-T cells continua revolucionando o manejo da doença, apresentando taxas de resposta expressivas, mesmo em pacientes com resistência a múltiplas linhas de tratamento;
  • Novos inibidores moleculares: estudos recentes destacaram o venetoclax, especialmente em pacientes com mutações específicas, representando esperança para grupos com prognósticos desafiadores;
  • Medicina personalizada: os avanços na compreensão dos perfis genéticos e biomarcadores estão permitindo uma abordagem mais precisa e eficaz, especialmente no contexto de alto risco. Durante o congresso, foi enfatizada a importância de diretrizes globais dinâmicas que possam incorporar rapidamente esses avanços;
  • Abordagens para pacientes idosos: uma mudança de paradigma terapêutico está em curso, priorizando estratégias que alcancem a doença residual mínima (MRD) em pacientes aptos e reduzam toxicidades em pacientes mais frágeis, sempre com foco na qualidade de vida;
  • Doenças precursoras: sessões como a dedicada ao estudo iSTOPMM reforçaram a relevância da triagem ampla para detecção precoce da doença, além de novas estratificações de risco e o impacto do envelhecimento imunológico;
  • Doença recém-diagnosticada (NDMM): discussões abordaram a otimização da indução da primeira linha de tratamento, manutenção e consolidação, além da aplicação de citogenética para aprimorar a estratificação de risco.

Principais Perspectivas Futuras

A votação histórica do FDA, que reconheceu a MRD como desfecho clínico válido para aprovação acelerada de novos tratamentos, foi celebrada como um marco. Isso permitirá decisões terapêuticas mais rápidas e precisas, beneficiando pacientes ao redor do mundo.

Ainda que a cura definitiva para o mieloma múltiplo permaneça um objetivo distante, o progresso no conhecimento da biologia da doença e na personalização das terapias está transformando o manejo do mieloma em uma condição cada vez mais controlável a longo prazo.

A integração de terapias imunológicas, a estratificação de pacientes de alto risco e a adoção de diretrizes globais continuarão moldando o futuro da oncologia hematológica. O otimismo prevalece, sustentado pela promessa de avanços contínuos na ciência médica.

A ciência continua avançando, trazendo esperança para pacientes e profissionais da saúde em todo o mundo. E eu, como médica Hematologista e Oncologista e Pesquisadora Clínica, continuo de olho em tudo.

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Dra. Adriana Scheliga

12 Perguntas e Respostas sobre Leucemia. Esclarecendo as dúvidas mais frequentes dos pacientes.

A leucemia é uma doença complexa que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. Eu recebo frequentemente muitos questionamentos sobre esta doença e eles se multiplicam quando o assunto vem à tona na imprensa ou por meio de uma celebridade.

Portanto, decidi preparar um artigo com o compilado de perguntas que mais recebo e suas respostas para esclarecer as dúvidas sobre o tema. Vamos lá, então:

1. O que é leucemia e quais são os seus tipos?

A leucemia é um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue, responsáveis pela defesa do organismo contra infecções. Ela se desenvolve quando as células sanguíneas na medula óssea sofrem mutações e se transformam em células anormais. Existem quatro tipos principais de leucemia: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoblástica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC).

2. Quais são os sintomas da leucemia?

Os sintomas da leucemia podem variar dependendo do tipo e estágio da doença, mas geralmente incluem fadiga, fraqueza, febre, perda de peso não intencional, suores noturnos, dor nos ossos e articulações, hematomas frequentes e sangramentos espontâneos, infecções, aumento do baço e do fígado.

3. Como a leucemia é diagnosticada?

O diagnóstico de leucemia envolve uma série de exames, incluindo exames de sangue para avaliar os níveis dos glóbulos brancos, dos glóbulos vermelhos e das plaquetas, bem como a presença de células anormais. Uma biópsia da medula óssea e coleta do sangue da medula para uma série de exames são frequentemente realizados para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo específico de leucemia.

4. Qual é o tratamento para a leucemia?

O tratamento para leucemia depende do tipo e estágio da doença, bem como de outros fatores individuais, como a idade e a saúde geral do paciente. As opções de tratamento podem incluir quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo, transplante de células-tronco e imunoterapia. O tratamento é frequentemente realizado em fases, com o objetivo de induzir a remissão e prevenir recidivas.

5. Qual é a taxa de sobrevivência para a leucemia?

As taxas de sobrevivência para a leucemia variam muito e dependem do tipo e estágio da doença e das condições gerais do paciente. No entanto, os avanços nos tratamentos nas últimas décadas têm melhorado significativamente as taxas de sobrevivência para muitos pacientes com leucemia.

6. A leucemia é hereditária?

Embora algumas formas de leucemia tenham uma predisposição genética (como por exemplo a leucemia linfocitica crônica), a maioria dos casos não é hereditária e sim causada por mutações genéticas adquiridas ao longo da vida, devido a fatores ambientais ou desconhecidos.

7. Existe alguma forma de prevenir a leucemia?

Não existem medidas específicas de prevenção para a doença, já que suas causas exatas ainda não são totalmente compreendidas. No entanto, evitar exposição a produtos químicos tóxicos, radiação ionizante e tabagismo pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença.

8. Quais são os efeitos colaterais do tratamento para leucemia?

Os efeitos colaterais podem variar de acordo com o tipo de tratamento e da resposta individual do paciente. Alguns dos mais comuns são náuseas, vômitos, perda de cabelo, fadiga, risco aumentado de infecções, anemia e hemorragias.

9. A leucemia infantil é tratada de forma diferente da leucemia em adultos?

Sim, devido a diferenças na biologia da doença e na tolerância ao tratamento. Os protocolos de tratamento para leucemia infantil são frequentemente mais intensivos e podem incluir diferentes combinações de quimioterapia.

10.  Devo considerar uma segunda opinião para leucemia?

Sim, muitas pessoas com câncer buscam uma segunda opinião de outro médico. Existem várias razões para isso, incluindo a necessidade de se sentir confortável com a decisão de tratamento, especialmente quando as opções disponíveis podem ser diversas. Além disso, em casos mais raros de leucemia, consultar um especialista pode fornecer insights valiosos sobre o plano de tratamento mais adequado.

11.  Como posso obter uma segunda opinião para leucemia?

Existem várias maneiras de encontrar um especialista para uma segunda opinião. O médico de atenção primária pode recomendar um Hematologista ou o próprio paciente pode escolher um especialista de sua confiança. Além disso, os centros de onco-hematologia e programas de tratamento de leucemia geralmente têm uma equipe multidisciplinar de especialistas que trabalham juntos para fornecer o melhor tratamento possível.

12.  Devo considerar um ensaio clínico para leucemia?

A participação em ensaios clínicos é uma decisão pessoal e pode oferecer benefícios, como acesso a tratamentos inovadores que não estão disponíveis de outra forma. No entanto, é importante discutir os riscos e benefícios de ensaios clínicos com o médico antes de decidir participar. Os ensaios clínicos ajudam a determinar quais tipos de tratamento funcionam melhor para a leucemia e podem oferecer esperança para pacientes cuja leucemia não responde aos tratamentos convencionais. O importante é avaliar se os benefícios potenciais superam os riscos para o paciente individualmente.

Por fim, a leucemia é uma doença complexa que requer uma abordagem individualizada e multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento. Com o avanço das pesquisas e o desenvolvimento de novas terapias, as perspectivas para pacientes continuam a melhorar. É fundamental que se tenha acesso a informações precisas, apoio emocional e tratamento especializado ao enfrentar a leucemia.

Como médica Hematologista e Oncologista, estou comprometida em fornecer o melhor cuidado possível para todos os pacientes com leucemia, trabalhando em estreita colaboração com uma equipe multidisciplinar para desenvolver planos de tratamento individualizados e eficazes. Assim como também estou disponível para consultas de segunda opinião.

Aqui no meu site, você encontrará todas as informações de contato para agendar sua consulta comigo. Clique neste LINK para acessar.

Dra. Adriana Scheliga
Hematologista | Oncologista

Entendendo os linfomas: um guia informativo básico para pacientes

Os linfomas, uma classe de câncer do sistema linfático, têm sido alvo de extensa pesquisa e avanços clínicos ao longo dos anos.

O sistema linfático, composto por linfonodos, baço, timo e medula óssea, desempenha um papel crucial na defesa imunológica e na manutenção do equilíbrio do organismo. Os linfomas originam-se nessas estruturas, desencadeando uma série de eventos que alteram a produção e função das células linfáticas.

Há muitos tipos de linfoma e são divididos inicialmente em Linfoma Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin (LNH), cada categoria subdividida com base em características específicas das células linfáticas. Essa precisão na classificação é vital para orientar estratégias terapêuticas personalizadas.

Sinais e sintomas: reconhecendo os alertas precoces

O diagnóstico precoce dos linfomas é fundamental para o sucesso do tratamento. É importante estar atento a sinais como inchaço dos gânglios linfáticos, febre persistente, perda de peso não explicada e sudorese noturna. Estes sintomas, embora inespecíficos, podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada.

Diagnóstico: uma abordagem abrangente

A biópsia continua sendo extremamente importante como pedra angular para o diagnóstico preciso dos linfomas. Trata-se de um procedimento anatomopatológico, na grande maioria das vezes rápido e pouco complexo, que retira um linfonodo por inteiro ou fragmentos de tecidos de um órgão para avaliar suas características celulares, definir o grau de diferenciação e origem celular da lesão.

Além disso, atualmente as técnicas avançadas de imagem, como PET-CT, têm sido essenciais na determinação da extensão da doença. É o que chamamos de estadiamento e tal abordagem abrangente é essencial para o planejamento eficaz do tratamento.

Tratamento

Com uma abordagem centrada no paciente, a recomendação é sempre personalizar o tratamento com base nas características específicas de cada caso. Terapias alvo, imunoterapia e quimioterapia são opções discutidas em colaboração com a equipe multidisciplinar, visando alcançar os melhores resultados possíveis.

As terapias emergentes e os ensaios clínicos atualmente são perspectivas existentes bem promissoras para melhorar a eficácia do tratamento e reduzir os efeitos colaterais. A inovação é um farol de esperança para pacientes e profissionais de saúde.

A importância do acompanhamento pós-tratamento

A necessidade de um acompanhamento rigoroso pós-tratamento se faz absolutamente primordial. Exames de acompanhamento regular, avaliação dos efeitos colaterais a longo prazo e suporte psicossocial são fundamentais para garantir a qualidade de vida contínua dos pacientes após o tratamento.

Concluindo este guia informativo, ressalto que minha abordagem dos linfomas é abrangente, pautada nas pesquisas clínicas e na minha experiência clínica e centrada no paciente.

Este material, assim como o blog, visa fornecer um recurso valioso para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, delineando uma jornada informativa e esperançosa em meio aos desafios dos linfomas.

Gostaria de enfrentar o seu tratamento com uma médica especialista em linfomas? Visite o site agora mesmo e agende a sua consulta.

Dra. Adriana Scheliga