O linfoma pode ser uma doença terminal?

O linfoma, um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, é amplamente tratado e controlado graças aos avanços na medicina. No entanto, algumas variantes mais agressivas ou casos refratários ao tratamento ainda podem evoluir para um estágio terminal.

Embora a maioria dos pacientes responda bem às terapias, existe a possibilidade de progressão da doença, tornando fundamental entender os fatores prognósticos, as opções de tratamento e o papel dos cuidados paliativos.

Linfoma: Tipos e Taxas de Sobrevivência

Existem dois principais tipos de linfoma: Linfoma de Hodgkin (LH) e Linfoma Não-Hodgkin (LNH). O LH apresenta altas taxas de cura, com sobrevida de cinco anos acima de 85% quando tratado precocemente. Já o LNH inclui uma variedade de subtipos, alguns mais indolentes e outros extremamente agressivos. Subtipos como o Linfoma de Burkitt ou o Linfoma Difuso de Grandes Células B são exemplos de doenças que requerem tratamento intensivo e rápido para evitar complicações fatais.

Fatores como estágio da doença, idade, estado geral de saúde e resposta ao tratamento inicial influenciam diretamente o prognóstico. A taxa de sobrevivência de cinco anos para LNH varia de 73% em estágios iniciais a cerca de 55% em estágios avançados, demonstrando a importância do diagnóstico precoce​

Avanços no Tratamento: Mais Esperança para Pacientes

Nos últimos anos, surgiram terapias inovadoras que mudaram a perspectiva de pacientes com linfoma refratário ou em estágio avançado. A terapia CAR-T, que modifica células do sistema imunológico para atacar células cancerígenas, tem mostrado resultados promissores em linfomas resistentes ao tratamento convencional. Em estudos clínicos, taxas de remissão duradoura variam de 40% a 50% em pacientes que não tinham outras opções terapêuticas viáveis​

Além disso, o uso de anticorpos monoclonais anti CD20 como rituximabe e os anticorpos biespecíficos têm sido eficazes no prolongamento da sobrevida e na melhora da qualidade de vida. Estas novas abordagens reforçam que, mesmo em casos avançados, o linfoma não deve ser considerado imediatamente terminal.

Cuidados Paliativos: Qualidade de Vida em Foco

Quando os tratamentos curativos deixam de ser eficazes, o foco se volta para os cuidados paliativos, que visam aliviar sintomas, reduzir o sofrimento e proporcionar dignidade ao paciente. Cuidados paliativos precoces podem não apenas melhorar a qualidade de vida, mas também prolongar a sobrevida. Entre os principais sintomas nesta fase estão cansaço extremo, dor, infecções recorrentes e perda significativa de peso​.

Cuidados são essenciais para garantir que o paciente e sua família recebam suporte físico, emocional e espiritual durante todas as fases da doença. Eles são particularmente relevantes nos casos em que a doença evolui para um estágio terminal.

O Caso Isabel Veloso: Reflexões Sobre Terminalidade

A influenciadora digital Isabel Veloso trouxe visibilidade para o tema ao compartilhar sua experiência com um linfoma refratário em 2024. Apesar dos tratamentos agressivos e inovadores, a doença evoluiu para um quadro terminal, colocando-a sob cuidados paliativos exclusivos. Com o tempo e a resposta dela ao tratamento, Isabel deixou de ter um diagnóstico terminal e acabou engravidando durante o tratamento.

O caso gerou debates nas redes sociais sobre a terminalidade do linfoma e a importância da aceitação dos cuidados paliativos como parte integral do tratamento oncológico.

Embora a experiência de Isabel seja única, ela reflete a realidade enfrentada por muitos pacientes: mesmo com todos os avanços, alguns casos permanecem desafiadores. Sua história também destaca a importância da transparência, do apoio psicológico e da comunicação clara entre médicos, pacientes e a sociedade.

Sempre é terminal?

Não. A maioria dos pacientes com linfoma pode alcançar a remissão completa ou viver muitos anos com a doença sob controle. No entanto, casos refratários ou avançados ainda representam desafios significativos. A boa notícia é que a ciência continua a evoluir, oferecendo novas terapias e mais esperança a cada dia.

O linfoma ou qualquer neoplasia maligna só deve ser considerada terminal quando todas as opções terapêuticas foram esgotadas, e é então que os cuidados paliativos oferecem um caminho para dignidade e alívio. A mensagem principal é que o linfoma é, na maioria das vezes, tratável, e a evolução constante da medicina segue trazendo novas possibilidades para os pacientes.

Como médica Hematologista e Oncologista, dedico-me a oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes com linfomas. Trabalho em colaboração com uma equipe multidisciplinar para criar planos de tratamento personalizados e eficazes, além de estar à disposição para consultas de segunda opinião, garantindo um suporte abrangente e especializado.

No meu site, você encontrará todas as informações de contato para agendar sua consulta comigo. Clique aqui para acessar.

Dra. Adriana Scheliga

Entendendo os linfomas: um guia informativo básico para pacientes

Os linfomas, uma classe de câncer do sistema linfático, têm sido alvo de extensa pesquisa e avanços clínicos ao longo dos anos.

O sistema linfático, composto por linfonodos, baço, timo e medula óssea, desempenha um papel crucial na defesa imunológica e na manutenção do equilíbrio do organismo. Os linfomas originam-se nessas estruturas, desencadeando uma série de eventos que alteram a produção e função das células linfáticas.

Há muitos tipos de linfoma e são divididos inicialmente em Linfoma Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin (LNH), cada categoria subdividida com base em características específicas das células linfáticas. Essa precisão na classificação é vital para orientar estratégias terapêuticas personalizadas.

Sinais e sintomas: reconhecendo os alertas precoces

O diagnóstico precoce dos linfomas é fundamental para o sucesso do tratamento. É importante estar atento a sinais como inchaço dos gânglios linfáticos, febre persistente, perda de peso não explicada e sudorese noturna. Estes sintomas, embora inespecíficos, podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada.

Diagnóstico: uma abordagem abrangente

A biópsia continua sendo extremamente importante como pedra angular para o diagnóstico preciso dos linfomas. Trata-se de um procedimento anatomopatológico, na grande maioria das vezes rápido e pouco complexo, que retira um linfonodo por inteiro ou fragmentos de tecidos de um órgão para avaliar suas características celulares, definir o grau de diferenciação e origem celular da lesão.

Além disso, atualmente as técnicas avançadas de imagem, como PET-CT, têm sido essenciais na determinação da extensão da doença. É o que chamamos de estadiamento e tal abordagem abrangente é essencial para o planejamento eficaz do tratamento.

Tratamento

Com uma abordagem centrada no paciente, a recomendação é sempre personalizar o tratamento com base nas características específicas de cada caso. Terapias alvo, imunoterapia e quimioterapia são opções discutidas em colaboração com a equipe multidisciplinar, visando alcançar os melhores resultados possíveis.

As terapias emergentes e os ensaios clínicos atualmente são perspectivas existentes bem promissoras para melhorar a eficácia do tratamento e reduzir os efeitos colaterais. A inovação é um farol de esperança para pacientes e profissionais de saúde.

A importância do acompanhamento pós-tratamento

A necessidade de um acompanhamento rigoroso pós-tratamento se faz absolutamente primordial. Exames de acompanhamento regular, avaliação dos efeitos colaterais a longo prazo e suporte psicossocial são fundamentais para garantir a qualidade de vida contínua dos pacientes após o tratamento.

Concluindo este guia informativo, ressalto que minha abordagem dos linfomas é abrangente, pautada nas pesquisas clínicas e na minha experiência clínica e centrada no paciente.

Este material, assim como o blog, visa fornecer um recurso valioso para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, delineando uma jornada informativa e esperançosa em meio aos desafios dos linfomas.

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Dra. Adriana Scheliga